O MENINO E O PARDAL
Era
uma vez um menino chamado André Fernando que encontrou, num bosque
próximo à sua casa, um pardal cuja asa estava quebrada. Recolheu-o,
fez-lhe uma gaiola e tratou dele com paciência, até que se recuperou. Em
poupo tempo, tomou-se de amores pela avezinha, passando a pensar que
ela era “sua”. Passado um mês, mais ou menos, o pardal curou-se e
começou a tentar fugir da gaiola, batendo as asas e atirando-se contra
as varetas. Diante disso, o pai do garoto aconselhou-o:
-
André meu filho, você precisa deixá-lo ir embora ele é um pássaro
livre, ele tem asas é para voar, jamais seria feliz numa gaiola. Se o
mantiver preso, ele vai se ferir e poderá tentar ferir você também.
Então
eles levaram a gaiola para fora de casa, André retirou o passarinho de
dentro dela com cuidado, pressentindo a liberdade, o pardal abriu as
asas, tentando voar, num movimento automático, André cerrou a mão,
sentindo um medo súbito de perder para sempre a avezinha de estimação. O
pardal grasnou, batendo em vão as asas. O pai com brandura disse:
- André, abra a mãos, sei que você o ama, mas veja como ele se debate!
Numa fração de segundo, suas mãos tão frágeis podem partir-se, apertando-o com força, para evitar que fuja. O pai diz:
- Filho, você pode machucá-lo e talvez até venha a matá-lo.
- Painha, se eu abrir as minhas mãos, ele voará!
André exclamou. O pai continuou. Lição para vida
-
Com certeza meu filho, mas se ele voar talvez um dia volte, quem sabe.
Porem, caso você tema perde-lo, pode vir a mutilá-lo ou a matá-lo,
perdendo-o do mesmo jeito e sem alternativa. A única maneira de reter o
que é seu é mantendo as mãos abertas.
O
menino abriu as mãos e o pardal voou imediatamente. Tristonho, André
viu-o partir, entrando com o pai em casa. Durante todo o dia foi tomado
por uma solidão imensa. Na manhã seguinte, porém, ele foi
despertado pelo som de um chilrear conhecido e viu um pardalzinho
pousado num galho próximo à janela, não conseguiu saber se aquele era ou
não de fato o seu pardal, mas, ao descer para o seu café da manhã,
percebeu que sua solidão havia desaparecido.
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