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Mostrando postagens de janeiro 11, 2015

O MEU VELÓRIO...

- Você quer fazer o quê? Perguntei-lhe incredulamente, minha voz elevando-se ao tom agudo que alcança quando fico exasperada. - Diga isso de novo, por favor, acho que não o ouvi! - Ah, você me ouviu com certeza. Respondeu Frank bruscamente, balançando os braços de maneira expressiva. - Quero fazer o meu velório agora, antes de morrer! Por que todo mundo, menos eu, deveria aproveitar? Ele se dirigiu à cozinha e eu podia ouvi-lo resmungado para si mesmo enquanto vasculhava a geladeira. Voltou logo depois para o deque onde eu havia ficado para assistir ao pôr-do-sol de setembro cobrir as montanhas Blue Ridge. Terminou de mastigar um pêssego maduro e então a voz que nunca conseguia permanecer áspera por muito tempo quebrou o silêncio: - Querida, eu quero fazer isso. Senti um nó na garganta e tentei não chorar. Estava com 44 anos e a idéia de ficar viúva – de novo – era devastadora. Tão devastadora, na verdade, que a negação facilmente se tomara o manto que eu ve