AS BENÇÃOS DE UMA MÃE


- Mãe, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe.
Após entregar sua mãe a João, o apóstolo amado, Jesus deu o último suspiro, dobrado na cruz, com o corpo extenuado pelos maus tratos sofridos desde a delação de Judas.
Logo depois, porque começaram as perseguições aos cristãos, João teve que partir para longe, mais precisamente para a Ilha de Pátmos, juntamente com Maria que, dali por diante, seria a sua mãe, como ele seria o seu filho.
Passados os anos, depois de longas perseguições, João - o Evangelista – e Maria estavam morando em uma singela casa naquela ilha. Com o passar do tempo, uma romaria se fez à procura daquela que deu a vida corporal ao espírito iluminado de Jesus. Inúmeras mães recorriam à Mãe Santíssima a fim de ouvir os seus relatos e, assim, conformarem-se, diminuindo suas dores, porque, com as perseguições, seus filhos também haviam sido crucificados.
Uma daquelas mães, chegando a Maria, suplicou-lhe socorro:
- Mãe Santíssima, o meu filho amado acabou de partir abraçado a uma cruz que não merecia, assim como o teu, levando com ele a minha razão de viver.
Daquela jovem mulher pouco restava, entretanto, a seriedade, a paz, a ternura, a beleza espiritual estavam espalhadas por todo o seu corpo. Carinhosamente procurou consolar a mulher que lhe pedia socorro:
- Conheço a tua dor porque também a senti há alguns anos, embora pareça que foi hoje, pois ainda carrego nas mãos e pés as marcas dos cravos e no coração nunca deixei de sentir a lança que perfurou o flanco direito do meu filho.
Respirando um pouco, prosseguiu:
- A violência no mundo campeia solta. Sabemos que somente com a germinação das sementes plantadas dentro do coração dos homens por meu filho é que haverá libertação, mas os homens ainda estão distantes dessa libertação porque insistem em permanecer nesse estágio tão elementar.
A pobre mãe, antes inconsolável, sentia o abraço de ternura envolvendo toda a sua alma enquanto as lágrimas iam diminuindo. Maria, sabendo que ela precisava de mais consolo, continuou:
- Ouvi muitas vezes o meu filho dizer que o fardo do mundo é pesado, no entanto, o dEle era suave de carregar. Mas os homens ainda não quiseram compreendê-LO, por isso se lançam a essas conquistas que somente os afastam de Deus, da comunhão universal que não deixará de acontecer, mais cedo ou mais tarde. A outra mãe, buscando as palavras no seu coração, falou: 
- Sinto-me confortada porque meu filho morreu pelo teu e, pelo seu semblante, pude comprovar que não sentiu dor alguma. Acredito que ele estava contente em dar aquele testemunho.
Maria, atenta ao que ela dizia, falou-lhe: 
- Na verdade todos precisamos dar os testemunhos necessários, cada um de acordo com as suas forças e necessidades, pois ninguém pode dar mais do que possui.
A mãe que veio pedir pelo seu filho permaneceu ainda algum tempo. Depois partiu, carregando no coração o consolo da mãe do Altíssimo.
Maria, após a partida das outras mães, adentrou o seu quarto, procurou as ferramentas que seu filho usou quando da partida de José e, encontrando-as, acariciou-as lembrando-se do filho que utilizou-as com muita habilidade.
Jobrane

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