OS DOIS MONGES



Dois monges seguiam sob a chuva em direção ao mosteiro, vencendo o lamaçal. Viram uma linda moça com o seu quimono de seda, debaixo de uma árvore. O monge mais jovem desviou o olhar imediatamente, como se temesse fixar os olhos nela. O monge mais velho percebeu a aflição da jovenzinha e não teve dúvidas. Tomou-a nos braços, lançou-a em suas costas, carregando-a como se fosse um tapete enrolado. E foi assim até chegarem ao mosteiro, onde colocou a moça no abrigo de peregrinos. Em seguida, sorriu-lhe, cumprimentando-a com reverência e seguiu para os seus aposentos. Chegando em sua cela, o monge mais jovem não se conteve e disse:
-“Você sabe que nós monges não podemos ter contato com mulheres, porque elas perturbam a nossa mente”. 
O monge mais velho respondeu suavemente: 
-“Você ainda está carregando a moça na mente, ao passo que eu carreguei-a nas costas e lá ela ficou.”
Quando o Velho terminou o conto, o Menino disse: 
-“Muito bom, eu entendi, o monge mais jovem era burro e maniqueísta, não dominava a mente e ainda estava preso às regras. Um prisioneiro. Não sabia o que era a liberdade”. 
O Velho ficou sério ao dizer: 
-“Nunca chame ao outro de burro. E não se ache mais sabido ou mais liberto, pois como você, ele também estava aprendendo. Não carregue pesos desnecessários em sua mente. Um deles é ficar julgando os outros, como acabou de fazer, perdendo a lição. Abandone o fardo do julgamento inútil. E já que você usou a palavra “maniqueísta”, sua lição de amanhã é me trazer todos os fundamentos do Maniqueísmo”. 
No dia seguinte, o Menino estava diante do Velho:
-“E, então, Menino”? 
O garoto sério respondeu: 
-“O senhor me desculpe, nunca mais julgarei da forma como fiz.” 
Nilsa Alarcon e J. C. Alarcon

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