ALADIM E A LÂMPADA



Aladim caminhava por uma viela estreita e escura quando um cálido brilho no chão chamou-lhe a atenção. Aproximando-se, viu que era uma lâmpada. Estava a olhá-la por vários ângulos quando viu sob a poeira algo que parecia ser algo escrito. Passou a mão no local e, subitamente, uma grande luz branca começou a surgir do bico da lâmpada, enquanto uma grande forma humana masculina ia-se formando no espaço antes vazio. Ai invés de termina em pés, suas pernas se afunilavam na direção do bico da lâmpada. A forma, algo fantasmagórico, flutuava envolta por uma aura oscilante. Antes que Aladim pudesse sequer avaliar a situação, a forma disse com voz grave e firme:
- Sou o gênio da lâmpada, e você tem direito a um desejo.
Recobrando-se, Aladim compreendeu logo a situação e. sem questionar por que era um só desejo, já ia dizendo algo quando o gênio continuou:
- Mas há três condições.
- Três condições? Onde já se viu gênio ter três condições para atender a um desejo?
Disse Aladim com uma leve perda de paciência. O gênio, não se fazendo de rogado, continuou:
- Primeira condição: o que quer que você deseje deve ser realizar antes em sua mente.
Aladim já ia perguntar o que isso queria dizer, mas o gênio não deixou:
- Segunda condição: o que quer que você deseje deve desejar integralmente, sem conflitos.
Desta vez Aladim esperou.
- Terceira condição: o que quer que você deseje deve ser capaz de continuar desejando para continuar a ter.
Aladim, ansioso por dizer logo o que queria, fez o primeiro desejo assim que pôde falar:
- Eu quero um milhão de moedas de ouro!
Então, perguntou o gênio da lâmpada:
- Você já se imaginou tendo um milhão de moedas de ouro?
Aladim agora entendera o que queria dizer a primeira condição. Na mesma hora, vieram à sua mente imagens de si mesmo nadando em dinheiro, comprando muitas coisas, mas, ao se imaginar, questionou-se se teria de compartilhar parte do dinheiro com pobres ou outras pessoas. Ai entendeu a segunda condição e percebeu que seu desejo não poderia ser atendido.
Aladim, então, buscou algum desejo que poderia ter sem conflitos. Pensou, pensou, buscou e, por fim, disse ao gênio:
- Senhor gênio, eu quero uma companheira bela, sabia e carinhosa.
Aladim tinha se imaginado com uma mulher assim e sentiu que aquilo ele queria de verdade, sem qualquer conflito.
O gênio fez um gesto, e de sua mão saiu um feixe de luz esverdeada na direção do coração de Aladim. Ele teve uma alucinação, como um sonho, de estar vivendo com uma mulher bela, sábia e carinhosa por vários anos. E viu-se, então, enjoado, não a querendo mais depois de tanto tempo.
Voltando à realidade, Aladim lembrou-se das cenas e viu que aquele desejo também não poderia ser atendido. Entristeceu-se, pensando que jamais poderia querer e continuou querendo algo sem conflitos. Aparentemente, algo aconteceu. O rosto de Aladim iluminou-se, e ele se empertigou todo para dizer ao gênio que já sabia o que queria.
- Sim?
O gênio foi lacônico e Aladim completou, em um só fôlego:
- Eu desejo que você me dê a capacidade de realizar os desejos que eu imaginar em minha mente sem conflitos!
Algo inesperado aconteceu: o gênio foi se soltando da lâmpada formou-se duas pernas completas no seu corpo e ele desceu devagar até finalmente apóia-se no chão, diante de Aladim, que o olhava com um ar interrogador.
Disse o gênio da lâmpada, sorridente.
- Obrigado! Estava escrito que eu seria libertado quando alguém pedisse algo que já tivesse!

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