O PODER DE UM BOM PROFESSOR



Estávamos sentados na sua sala, dando risinhos, nos cutucando e falando sobre os acontecimentos do dia, como o estranho rímel roxo que Cindy estava usando. A Sra. Virginia DeView limpou a garganta e nos pediu silêncio. Disse ela sorrindo:
- Agora, vamos descobrir nossas profissões.
A turma toda deu uma exclamação de surpresa.
- Nossas profissões?
Olhamos uns para os outros. Tínhamos só 13 e 14 anos. Aquela professora estava doida. Disse ela:
- Sim, todos vocês vão procurar suas futuras profissões. Vão ter que escrever um trabalho sobre sua futura carreira. Cada um de vocês vai ter que entrevistar alguém da sua área e fazer um relatório oral.
Fomos para casa confusos. Todos os dias, durante a aula, Virginia DeView nos perguntava:
- Em que ponto estávamos? Quem tinha escolhido sua carreira?
No final, quase todos nós tínhamos escolhido alguma coisa, e eu escolhera jornalismo impresso. Aquilo significava que eu ia entrevistar um repórter de jornal de carne e osso, e eu estava aterrorizada. Sentei-me na frente dele praticamente sem conseguir falar. Ele olhou para mim e disse:
- Você trouxe papel, lápis ou caneta?
Fiz que não com a cabeça. Finalmente, acho que ele percebeu que eu estava aterrorizada e recebi minha primeira grande dica como jornalista.
- Nunca, nunca vá a lugar nenhum sem lápis e papel. Você não sabe o que vai encontrar.
Alguns dias depois, fiz meu relatório oral totalmente de cabeça, pois tinha ficado muito impressionada. Tirei a nota máxima.
Os anos se passaram e eu me esqueci completamente de Virginia DeView e das carreiras que colhemos. Estava na faculdade, à procura e uma nova carreira. Meu pai queria que eu fosse executiva, o que parecia um bom conselho na época, mas o problema era que eu não levava absolutamente nenhum jeito para negócios. Então me lembrei da professora Virginia DeView e do meu desejo de ser jornalista aos 13 anos. Liguei para meus pais, anunciei:
- Estou mudando de curso.
Houve um silêncio perplexo do outro lado da linha. Finalmente meu pai perguntou:
- Para qual?
- Jornalismo.
Eu podia sentir o descontentamento nas vozes de meus pais, mas eles não me impediram.
Durante os últimos 12 anos, tive a carreira de repórter mais incrível e satisfatória possível, cobrindo matérias que vão de assassinatos a acidentes de aviões, e finalmente me concentrado naquilo de que gosto e que faço bem.
Certo dia, durante uma entrevista, fui invadida por uma incrível onda de lembranças e percebi que, se não fosse por Virginia DeView, eu não estaria fazendo aquele trabalho. Ela provavelmente nunca vai saber que, sem a sua ajuda, eu não teria me tornada jornalista e escritora. Imagino que estaria metida no mundo dos negócios, infeliz e frustrada. Pergunto-me quantos outros alunos da sua sala aproveitaram aquele projeto de carreira. Lembrei da frase de George Adams, quando ele disse: “Há pontos altos na vida de todos nós, e a maioria deles vem do incentivo de outra pessoa”.
As pessoas me perguntam o tempo todo:
- Por que você escolheu o jornalismo?
- Bom, sabe, eu tinha uma professora... – Sempre começo assim. Só gostaria de poder agradecer a ela. Acredito que, quando as pessoas pensam nos seus dias de colégio, encontram a imagem desbotada de um único mestre – sua própria Virginia DeView. Se tiverem oportunidade de agradecer-lhe, façam isso. Eu gostaria de fazer... É tarde demais. Ela morreu.
 Diana L. Chapman

Lourival Pita Junior
(Baseado no livro: Canfield Jack; Hansen Mark Victor; Kirberger Kimberly. Trad. Fernanda Rangel de Paiva Abreu. Histórias para aquecer o coração dos adolescentes. – Rio de Janeiro: Sextante, 2005. pagina 32)

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