15 MINUTOS DE PODER!



Conta-se que antes de os anjos se tornarem anjos de verdade, os aprendizes de anjos passavam por uma prova. Durante um período, saiam em duplas para fazer o bem e, no fim de cada dia, apresentavam ao anjo mestre uma relação das boas ações praticadas.
Aconteceu de um dia dois anjos aprendizes, depois de vagarem exaustivamente por todos os cantos, regressaram frustrados por não terem conseguido realizar um salvamento sequer. E, enquanto voltavam tristes, depararam com dois lavradores que seguiam por uma trilha. Nesse momento, um dos anjos disse ao outro.
- Tive uma ideia! Que tal darmos poder a esses dois lavradores por quinze minutos para ver o que eles farão?
O outro anjo respondeu:
- Será? Creio que o anjo mestre não vai gostar disso!
Mas o primeiro retrucou:
- Que nada, acho que ele até vai gostar. Vamos fazer isso e depois lhe contaremos.
Assim fizeram. Tocaram as mãos invisíveis na cabeça dos dois e puseram-se a observá-los. Poucos passos adiante, os lavradores se separaram e seguiram por caminhos diferentes. Um deles, após alguns metros, viu um bando de pássaros voando em direção à sua lavoura. Passou a mão na testa suada e disse:
- Por favor, meus passarinhos, não comam a minha plantação. Preciso que esta lavoura cresça e produza, pois é dela que tiro o meu sustento e trato de minha família.
De imediato, ele viu espantado, a lavoura crescer em questão de segundos e ficar prontinha para a colheita. Assustado, esfregou os olhos e acelerou o passo, pensando que devia estar mesmo muito cansado.
Aconteceu que, logo adiante, ele caiu ao tropeçar em um pequeno porco, que havia fugido do chiqueiro. Mais uma vez, esfregando a testa, disse:
- Você fugiu de novo meu porquinho! Mas a culpa é minha. Ainda vou construir um chiqueiro decente para você.
Mas uma vez, maravilhado, ele viu o chiqueiro transformar-se em um local limpo e acolhedor, todo azulejado, com água corrente, e o porquinho já gordo e bem feliz instalado em seu compartimento. Esfregou novamente os olhos e, apressando ainda mais o passo, pensou:
- Estou muito cansado.
Assim que chegou a casa ao abriu a porta, a tranca que estava pendurada no alto caiu sobre sua cabeça. Ele tirou o chapéu e, esfregando a cabeça, disse:
- De novo. E o pior é que eu não aprendo mesmo. Também, não tem me sobrado tempo. Mas ainda hei de ter bastante dinheiro para construir uma casa grande assim dar um pouco mais de conforto à minha família.
Naquele momento aconteceu o milagre: a humilde casinha foi transformada numa verdadeira mansão diante de seus olhos. Assustadíssimos e sem nada entender, convicto de que todas as visões eram decorrentes do cansaço, jogou-se numa enorme poltrona e, em segundos, dormiu profundamente. Minutos depois, ouviu alguém pedindo socorro:
- Compadre, me ajude, estou perdido.
Ainda sonolento, sem entender o que acontecia, levantou correndo. Tinham na mente imagens muito fortes de algo que não entendia bem e que lhe parecia um sonho. Quando chegou à porta, encontrou o amigo em prantos. Ele se lembrava de que minutos antes de se despedirem na trilha tudo estava bem. Perguntou o que havia acontecido e ouviu a seguinte história:
- Compadre, nós nos despedimos no caminho e eu segui para minha casa. Acontece que, um pouco mais adiante, vi um bando de pássaros voando em direção à minha lavoura. Fiquei revoltado e gritei: “Vocês de novo, atacando a minha lavoura! Tomara que seque tudo e que vocês morram de fome!” No mesmo instante, juro, vi a lavoura secar e todos os pássaros morreram diante dos meus olhos! Pensei comigo: “Devo estar cansado” e apresei o passo. Mais adiante, cai depois de tropeçar em um porco que havia fugido do chiqueiro. Fiquei muito bravo e gritei: “Você fugiu de novo! Por que não morre logo e pára de me dar trabalho!” Compadre, não é que o porco morreu bem ali minha frente. Acreditando estar vendo coisas, andei mais depressa ainda e, ao entrar em casa, a tranca da porta caiu na minha cabeça. Como eu já estava mesmo com raiva, gritei novamente: “Esta casa está caindo aos pedaços... Porque não pega fogo logo e isso acaba de uma vez?” Para surpresa minha, compadre, a casa começou a pegar fogo na mesma hora, e tudo foi tão rápido que nada pude fazer!
Assim que acabou de contar a história, o lavrador se deu conta da belíssima casa de seu compadre:
- Mas compadre... o que aconteceu com a sua casa? De onde veio esta mansão?
Depois de tudo observar, os dois anjos, muito amedrontados, foram contar ao anjo mestre, o que havia se passado. Estavam apreensivos quanto à reação que teria o seu superior, mas tiveram uma agradável surpresa.
O anjo, mestre ouviu com atenção o relato, cumprimentou os dois anjos pela ideia brilhante que haviam tido e resolveu decretar que, a partir daquele momento, todos os seres humanos desfrutariam quinze minutos de poder na vida. Só que jamais saberiam quando esses quinze minutos lhe seriam oferecidos.

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