Sentar em Circulo ou em U


Certa vez, quando eu estava na quinta serie do ensino fundamental, minha classe foi dividida em grupos. Cada grupo tinha de apresentar um trabalho na frente da turma. Muitos do meu grupo se recusaram a fazer tal façanha. Eu, mais ousado, fui em frente. Jamais tremi tanto. Minha voz ficou sufocada. Parecia tão fácil falar dentro do meu quarto, mas eu não conseguia coordenar minhas ideias na frente da classe. 
Hoje dou palestras para milhares de pessoas numa plateia. Mas não foi fácil superar esse conflito. 
Por que é tão difícil falar sobre nossas ideias em publico? 
Por que muitos têm dificuldade de estender a mão e fazer perguntas num anfiteatro? 
Por que algumas pessoas são eloquentes e seguras para falar com os íntimos mas completamente inibida para discutir suas opiniões com estranhos ou em grupos de trabalho? 
Uma das grandes causas é o sistema escolar. Apesar de parecer tão inofensivo enfileirar os alunos um atrás do outro na sala de aula, esta disposição é lesiva, produz distrações e obstruí a inteligência. O enfileiramento dos alunos destrói a espontaneidade e a segurança para expor as ideias. Gera um conflito caracterizado por medo e inibição. A escola clássica gera conflitos nos alunos sem perceber. Além de bloquear a capacidade de argumentar, o enfileiramento dos alunos coloca combustível na síndrome do pensamento acelerado. O enfileiramento fomenta a inércia intelectual. 
A sala de aula não é um exercito de pessoas caladas nem um teatro onde o professor é o único ator e os alunos, espectadores passivos. Todos são atores da educação. A educação deve ser participativa. 
Os educadores são escultores da emoção. Eduquem olhando nos olhos, eduquem com gestos: eles falam tanto quanto as palavras. Sentar em forma de U ou em circulo aquieta o pensamento, melhora a concentração, diminui a ansiedade dos alunos. O clima da classe fica agradável e a interação social dá um grande salto.
Lourival Pita Junior
(Baseada do livro: Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Augusto Jorge Cury. Ed. Sextante. Rio de Janeiro, 2003. Págs. 123/125).

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