Ser Excessivamente Crítico: obstruir a infância da criança



Havia um pai preocupadíssimo com o futuro do seu filho. Queria que ele fosse ético, sério e responsável. A criança não podia cometer erros, nem excessos. Não podia brincar, se sujar e fazer peripécias como toda criança. Tinha muitos brinquedos, mas eles ficavam guardados, porque o pai, com o aval da mãe, não admitia bagunça. Cada falha, nota ruim ou atitude insensato do filho eram criticadas imediatamente pelo pai. O resultado? O filho cresceu e se tornou um bom homem. Errava pouco, era serio, ético, mas infeliz, tímido e frágil. Entre ele e seus pais havia um abismo. Por quê? Porque não havia a mágica da alegria e da espontaneidade entre eles. Era uma família exemplar, mas triste e sem sabor. O filho não apenas se tornou tímido, mas frustrado. Tinha pavor da critica dos outros. Tinha medo de errar, por isso enterrava seus sonhos, não queria correr riscos. Desejando acertar, o pai cometeu alguns pecados capitais da educação. Impôs autoridade, humilhou seu filho em publico, criticou-o excessivamente e obstruiu sua infância. Cada um desses pecados capitais é universal, pois são um problema tanto numa sociedade moderna quanto numa tribo primitiva.
Não critique excessivamente. Não compare seu filho com seus colegas. Cada jovem é um ser único no teatro da vida. A comparação só é educativa quando é estimulante e não depreciativa. Dê aos seus filhos liberdade para ter as suas próprias experiências, ainda que isso inclua certos riscos, fracassos, atitudes tolas e sofrimentos. Caso contrario, eles não encontrarão os seus caminhos. A pior maneira de preparar os jovens para a vida é colocá-los numa tarefa e impedi-los de errar e sofrer. O Mestre dos mestres Jesus Cristo, disse certa vez que Pedro o negaria. Pedro discordou veementemente. Jesus poderia criticá-lo, apontar seus defeitos, acusar sua fragilidade. Mas qual foi sua atitude? Nenhuma. Ele não fez nada para mudar as idéias do amigo. Deixou o jovem apostolo Pedro ter suas experiências. O resultado? Pedro errou drasticamente, derramou lagrimas incontidas, mas aprendeu lições inesquecíveis. Se não tivesse errado e reconhecido sua fragilidade, talvez jamais amadurecesse e se tornasse quem foi. Mas, com falhou, aprendeu a tolerar, a perdoar, a incluir.
Estimados educadores, temos de ter em mente que os fracos condenam, os fortes compreendem, os fracos julgam, os fortes perdoam. Mas não é possível ser forte sem perceber nossas limitações.
Lourival Pita Junior
(Baseada do livro: Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Augusto Jorge Cury. Ed. Sextante. Rio de Janeiro, 2003. Págs. 91/92).


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