A ALMA MESTIÇA DO POVO BRASILEIRO

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“A raça branca deve ser a primeira a estender a mão da fraternidade aos povos de cor escura e a chamar de ‘irmão’ o pobre ‘negro’ desprezado. Esta perspectiva pode não agradar a todos, mas não é teosofista aquele que se opõe a este princípio.”
[ Maha-Chohan, o Mestre dos Mestres de H.P. Blavatsky,
que inspiraram a criação do movimento teosófico. Em 1882.
Ver “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, Ed. Teosófica, p. 18.]

“Por fim, vem o pior, os chamados mestiços, meio sangue
– raça mesclada que parecia, como às vezes acontece com
este tipo de raça, combinar todas as piores qualidades das
raças de ambos os progenitores.”

[ Charles W. Leadbeater, ao descrever o povo brasileiro em sua
obra “Salvo por um Espírito”, Ed. Pensamento, S.P., p. 110. ]

O povo brasileiro tem uma alma mestiça e multicultural. A miscigenação é o ponto forte da formação do país. Os brasileiros sentem orgulho da sua origem negra, indígena, mulata, cabocla, misturada. Com razão José Bonifácio, o patriarca da independência, escreveu:
“Nós não reconhecemos diferenças nem distinções na família humana: serão tratados por nós como brasileiros o chinês e o português, o egípcio e o haitiano, o adorador do Sol e o de Maomé.” [1]
O Brasil é uma nação jovem. Gente de todos os povos da Terra foi e é bem-vinda em nossa terra. Somos uma amostra ampla e continental da diversidade humana. O racismo é, inclusive, definido como crime inafiançável no artigo 5, inciso XLII, da Constituição Federal de 1988. Como, então, poderiam ser aceitas por alguém, neste país indígena, negro e mulato, as teorias raciais anti-fraternas defendidas por Charles W. Leadbeater e Annie Besant, e que ainda hoje circulam em meios teosóficos?
Não há nada mais democrático (no sentido de fraternidade entre todos os seres) do que o movimento teosófico em sua concepção original. 
“A raça branca deve ser a primeira a estender a mão aos povos de cor escura e a chamar de ‘irmão’ o pobre ‘negro’ desprezado” , ensinou o Mestre.
O primeiro objetivo do movimento teosófico, criado em Nova Iorque em 1875, é a construção de um núcleo de fraternidade universal que não leve em conta fatores como raça, credo, sexo, casta, ideologia ou classe social. No entanto, após a morte de Helena Blavatsky em 1891, a proposta original do movimento foi abandonada e Annie Besant deixou-se levar por outras influências.
Felizmente, cada vez mais gente vem descobrindo a verdadeira teosofia - mas ainda há muito por fazer. Entre as tarefas que necessitam ser realizadas está a de identificar, examinar e descartar as concepções errôneas da doutrina de Besant e Leadbeater, ainda hoje amplamente misturadas à filosofia autêntica.
Um dos pontos mais lamentáveis da doutrina dessa dupla de autores é a ideia de que os líderes espirituais devem ser vistos como seres infalíveis, e que devem concentrar todo o poder em suas mãos. Este tipo de liderança surgiu no movimento esotérico em torno de 1907, antecipando, de modo extremamente infeliz, as doutrinas políticas do fascismo de Benito Mussolini e do “nacional-socialismo” de Adolf Hitler. Tais movimentos políticos, baseados em doutrinas sobre seres humanos “superiores” e “inferiores”, floresceram na década de 1920, com o apoio discreto do Vaticano.
No entanto, a teoria autoritária da liderança “absolutista” é apenas uma das várias distorções e falsificações do ensinamento teosófico original. Outra moeda falsa atualmente circulando – que o movimento teosófico deve ter a coragem de denunciar abertamente - está nas “teorias raciais” expostas em obras de Charles W. Leadbeater.
Falso clarividente, considerado um crápula pelo líder da independência indiana Mahatma Gandhi, o sacerdote Charles Leadbeater evitou habilmente as investigações policiais de que foi alvo na Austrália. Expulso da Sociedade Teosófica por Henry Olcott em 1906, ele voltou a controlar a Sociedade de Adyar, graças a Besant, logo após a morte de Olcott em fevereiro de 1907.
(...)
Não é possível enganar a todos o tempo todo. A justiça e a verdade tardam, mas não falham. Não se trata apenas de esclarecer as falsidades de uma literatura que se apresenta como teosófica e não é, porque defende pontos diametralmente opostos à filosofia esotérica. Há uma estrutura de poder e de movimento teosófico que é inspirada pelas “visões” de Leadbeater e Besant e que dificulta enormemente o trabalho do movimento e impede a sua livre renovação.


Trechos do artigo "O Racismo em Nome da Teosofia", de Carlos Cardoso Aveline. O texto está disponível em www.FilosofiaEsoterica.com e seus websites associados.

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